Toda edição da São Paulo Fashion Week acontece a mesma coisa. Reinaldo Lourenço desfila sua coleção cedo, por volta de 11h, no segundo ou terceiro dia de desfiles, no salão cedido pela FAAP, longe da Bienal. É um pra lá e pra cá de jornalistas, fotógrafos e curiosos de resultado previsível: todos saem maravilhados com o trabalho do estilista. Toda edição da SPFW eu fico me perguntando se as pessoas viram a mesma coleção que eu.
Não é que o trabalho de Reinaldo seja ruim, muito pelo contrário, poucas pessoas na moda têm semelhante capricho e precisão nas suas criações. Mas eu, enquanto amante da novidade, mesmo que seja baseada num modelo já existente (como fazem Reinaldo Fraga e Alexandre Herchcovitch, por exemplo), sempre fico sem entender o que de tão genial o povo percebe no trabalho de Lourenço. O que eu percebo é que entre uma cartela de pretos, brancos e vermelhos, em modelagem quadradona, sempre aparece um bordado, uma aplicação ou um tecido de textura diferenciada, bonito, de bom gosto, mas totalmente previsível.
Daí vem jornalista encontrar um sem fim de referências ali, dizendo que sentiu um “perfume” (por favor, parem de usar essa palavra nesse contexto!) de Helmut Lang, Celine, Balenciaga… Ou falam do tempo que levou para finalizar os tais bordados. Como se fazer uma coleção que remete a uma grife estrangeira ou ter peças que levaram uma semana para serem confeccionadas fosse premissa de genialidade na criação em moda.
É uma roupa pra ser vista de perto, sem dúvida, como mostram os tão comentados bordados e o trabalho em couro:
Mas o que eu vejo é mais do mesmo, bem feito, mas sem surpresas.
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